quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Minha culpa



Sei lá!
Sei lá!
Eu sei lá bem Quem sou?
Um fogo-fátuo, uma miragem...
Sou um reflexo... um canto de paisagem
Ou apenas cenário!
Um vaivém Como a sorte: hoje aqui, depois além!
Sei lá quem sou? Sei lá!
Sou a roupagem
De um doido que partiu numa romagem
E nunca mais voltou! Eu sei lá quem!...
Sou um verme que um dia quis ser astro...
Uma estátua truncada de alabastro..
Uma chaga sangrenta do Senhor...
Sei lá quem sou?!
Sei lá!
Cumprindo os fados,
Num mundo de maldades e pecados,
Sou mais um mau, sou mais um pecador...

(Florbela Espanca)

(foto Carolina Salcides)

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

CRISOLGA

 
 ... BORBOLETA QUE VEIO DO MUNDO DAS FADAS AMADAS ...     

"(...) poesia pra mim é a loucura das palavras, é o delírio verbal, a ressonância das letras e o ilogismo. Sempre achei que atrás da voz dos poetas moram crianças, bêbados, psicóticos. Sem eles a linguagem seria mesmal. (...) Prefiro escrever o desanormal."




(Manoel de Barros)

(Foto Henrique de Jesus)

domingo, 15 de novembro de 2009

SER POETA


Ser poeta é ser mais alto, maior é ser


Do que os homens! Morder como quem beija!

É ser mendigo e dar como quem seja

Rei do Reino de Aquem e de Além Dor!



É ter de mil desejos o esplendor

E não saber sequer que se Deseja!

É ter cá dentro um astro que flameja,

É ter garras e asas de condor!



É ter fome, é ter sede de Infinito!

Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim ...

É condensar o mundo num só grito!



E é amar-te, assim, perdidamente ...

É seres alma e sangue, e vida em mim

E dizê-lo cantando a toda a gente!



(Florbela Espanca)














Uma janela aberta fascina pela oportunidade de ver tudo o que há.

(Olga Cris)
Foto Web

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

VEM NO VENTO




Ah essa dor




essa dor que



parte o peito



é saudade que



vem no vento



desfazendo a canção



Meu coração



ebulição







Vem o vento



me traz uma nova



invenção para



a saudade



da sua canção







Perdição de coração



Essa dor que parte o peito



desfazendo sua cançao









Vem no vento



a saudade



que sabe a cançao



do coração.

(Olga Cris)















sábado, 17 de outubro de 2009


Visit Mural dos Escritores

ESTAÇÕES DE MIM (QUE AMOR É ESSE?)


Há uma rosa que se rompe
Em uma manhã do meu coração
Há uma pedra que nasce fria
Noutro verão
Há uma dor antiga e rígida
Há também uma esperança
Na tarde que em mim se abriga
Há essa vontade de saber
Que amor é esse?
Há uma noite quente em minh’alma
Há uma paixão,um inverno
Uma estrela perene e calma
Há um turbilhão de desejos
Há sempre o anseio do beijo teu
Há essa vontade de saber
Que amor é esse?
Eu olho para dentro de mim
Escuto meus sons
Escuto teu eu em mim
Quero que pare agora
E diga-me
Que amor é esse?
Que amor é esse?
Eu sinto novamente
Estou vivo em mim
E saio em viagem sem relógios
Onde o tempo não é dono
Nem soberano
E eu ainda quero saber
Que amor é esse?
Que amor é esse?
E chega a mim outra viagem
De todas que nunca fiz
Como respostas em estradas
Das ruas não vividas
Eu ainda pergunto
Dentro de minha própria vida
Que amor é esse?
Que amor é esse?

(Theresa Russo)
(Foto Margaria Araújo)

Arco-íris, um sonho encantado de menina.


(Foto Windows Sky Drive)

segunda-feira, 6 de julho de 2009


Não somos apenas o que pensamos ser. Somos mais; somos também, o que lembramos e aquilo de que nos esquecemos; somos as palavras que trocamos, os enganos que cometemos, os impulsos a que cedemos,“sem querer“.(Freud)


LUCIDEZ PERIGOSAEstou sentindo uma clareza tão grandeque me anula como pessoa atual e comum:é uma lucidez vazia, como explicar?assim como um cálculo matemático perfeitodo qual, no entanto, não se precise.Estou por assim dizervendo claramente o vazio.E nem entendo aquilo que entendo:pois estou infinitamente maior que eu mesma,e não me alcanço.Além do que:que faço dessa lucidez?Sei também que esta minha lucidezpode-se tornar o inferno humano- já me aconteceu antes.Pois sei que - em termos de nossa diáriae permanente acomodaçãoresignada à irrealidade -essa clareza de realidadeé um risco.Apagai, pois, minha flama, Deus,porque ela não me servepara viver os dias.Ajudai-me a de novo consistirdos modos possíveis.Eu consisto,eu consisto,amém.(Clarice Lispector)

ABISMO

(Foto Web)
Quando você me contou que havia um abismo no seu peito, um buraco no seu coração, eu tentei visualizar abismos e buracos...E vi muito coração dentro deles. (Um outro ângulo.) MARLA DE QUEIROZ!!!!!!!!!!!!!

quarta-feira, 1 de julho de 2009

ENTRE MUNDOS



Eu te alinhavei em redes


transparentes carentes


Te lancei em desejo crédulo


de amar sem pensar o pesar


De querer te encontrar


entre mundos mudos


Só entre mundos eu te queria


e sabia que te encontraria



Num intervalo de linhas


te partiria em instantes


de ser o que seria


se não fosse tantos vazios


de ser sempre o que só


o mundo seu entenderia



Numa ânsia tanta


de ser no instante


toda dor de não



querer te querer


só entre mundos



O que eu vivia


só bastaria


nesse mundo surdo


De tanto ser sempre insana


de amar sem medir lacunas


que separam mundos


Teimando em amar


em sinuosas linhas


transbordantes


da rede carente



Presa na rede entre


linhas que só traço


no desejo de penetrar


entre mundos onde


possuo tanto querer


Revivendo em tantas


heranças e tranças


a ânsia de amar.


Olga Cris










(Foto João Parassu)

quarta-feira, 24 de junho de 2009

OLHAR

(Foto: Abissal Sereia by Carlúcio Primo)

Te encontrei sozinho

Desencontrado

Desviado

Do muito que há



Tentando em curvas e

descaminhos

Perdido em vias

mal vividas

desentendido

em seu olhar



Buscando em partidas

o pouco que há

Nas dores repartidas

do entanto de ser

isso que revela

o olhar.



(Olga Cris)

quarta-feira, 3 de junho de 2009

(Foto de Sergio Pinto)

MAR DE PALAVRAS

Em minha imaginação existe um lindo mar de palavras flutuantes, leves e transparentes como as brumas de um mundo mágico que se faz e se desfaz, que vai e vem, vai e vem. Assim são as palavras , como eu as tenho ... Sempre foi assim, minha vida povoada de palavras, lendo livros e mais livros ... que tanto amo. Presas, soltas, impressas, sonhadas, medonhas, tristonhas, eufóricas, eróticas, queridas, mágicas, lindas, sempre marcando algo em mim . Quisera eu que as palavras pudessem transmitir tudo que sinto, mas podem me conduzir a tanto que busco infinitamente. (Olga Cris)

domingo, 17 de maio de 2009

LUAS NUAS


(Foto de Isabel Cristina Braz)
Anoiteço
sendo sua lua
cintilando em água
banhada de noite
de luz cintilante
lua distante
lua do instante
de ser sua
nua


Lua cheia
nos sentidos
te desnudo
em minhas luas
todas nuas
absorvendo
meus anseios
sem receios
em todas luas.

Sedenta desnuda
em luas suas
dilacerando amor
que de lua em lua
sendo sempre sua
sacia o meu viver
vivendo todas luas
minhas e suas.
(Olga Cris)

segunda-feira, 27 de abril de 2009


VIVER É UM ESCÂNDALO

No cristal sem luzes do lustre, (a) guardei teu gesto.
Junto de minha sombra quieta, fiquei ao lado, no esquecido.

Resta óbvia e sem consolo,
a constatação: não sou eu!

Tempo, ainda há lá fora;
dentro de mim, nenhum.

Embaçados, meus olhos de vinho tinto escorrem na vidraça,
espreitando a rua, procurando as lâminas primeiras de um falso luar.

Meu coração, ainda úmido, trepida séculos;
meu amor/paixão rasga milênios.

Contudo, trago os olhos espetados em contra-mão,
pois enxergam o tempo tido e sabido,
de quando deitavas sobre o meus seios a face,
e o desejo, velho conhecido, restava eterno.

Porém, enquanto escrevia-te estas linhas,
tropecei distraída numa estrela.

Com os olhos todos, com tido e tudo,
estremeci ante o espelho, mergulhada na embriaguez;
o tempo chamando-me a acertar as contas.

A vida deveria ter rascunho, ou ser apenas um ensaio.
Findo o ato, cessa o gesto particular, remoto.
Termina assim a cena: como talco de carvão.

Verei a manhã, amanhã?

Que conste, nos créditos,
meu nome subscrito à loucura.

Nesse arremedo de pileque,
tateio resquícios de sobriedade.

Levaste-me o senso, homem!

Onde estás, ternura que não sinto?
Onde, o corpo a que me atastes?

Na taça que ergo, vazia, e brindo:
Que viva o amor, pois este "dormiu" sobre as lembranças?

Amanhã, acordara zonzo, espetado de contundentes versos,
o sorriso enroscando-se ao soluço, descendo garganta abaixo.

Dores mal calculadas esmagam-me o peito.
Uma lágrima inadequada instala-se entre os cílios.

A espera faz as malas para a fuga.
Mergulho no escuro definitivo.
E constato, de medo:
viver é um escândalo!

MENDONÇA. Silvia - Recanto das Letras - URL: http://recantodasletras.uol.com.br/poesias/940605 - 11/04/2008

MENDONÇA, Silvia - Brasil Poesias. ning - URL: http://brasilpoesias.ning.com/profiles/blogs/viver-e-um-escandalo - 17/04/2009

MENDONÇA, Silvia - Mural dos Escritores - URL: http://muraldosescritores.ning.com/profile/SilviaMendonca - 27/04/2009

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Luz artificial



Essa luz que me ofusca é artificial, ela me confunde os sentidos e clareia os objetivos. É luz que embaça a visão do real que não é real para mim, sem querer esconde o que me anula. Esconde até eu entender que ela ofusca os sentidos. Por isso eu corro para o encontro daquilo que tenho dentro de mim e preciso entender que aquilo que ofusca os sentidos não é a razão do meu viver. Sem razão de viver tudo se confunde e eu tenho que existir para ser, não adianta ofuscar a razão de se viver. Viver é muito mais do que isso.


Viver é sentir, apesar de que o sentir é muito mais do que se estabelece como a realidade quer parecer.


Então eu não posso aceitar o que está estabelecido como verdade que não é minha.


Quero sim viver o que sinto apesar do que se está estabelecido por exclusiva vontade de outras razões que não são minhas. Vivo em mim, sou assim por que estou em minhas emoções, então não me peça para ser o que você tem em si.


Sou e sei o que sinto e não quero que você seja o que eu sou. Sou assim, simplesmente eu. Vou comigo para que você entenda que eu estou em mim para mim, para que voce me veja e me queira. Eu em mim para você. Você para que eu entenda e queira , sempre assim.




quinta-feira, 23 de abril de 2009



Encontro-me


Vejo o mundo

Que mundo?

Meu espelho ...

Inteiro

quebrado

embaçado

Conhecendo-me

liberto-me

amo

aprendo

me amo

Entro no meu

labirinto

infinito

de emoções

Encontro-me

Ser

Viver

Para querer

viver para ser

sábado, 14 de fevereiro de 2009


Fui entrando sem resistir em um labirinto de desejos que me despertam para algo em mim com força desigual, ora fúria e aversão, ora amor em ebulição. Quero me castrar, mas a força da emoção grita tanto que eu enlouqueço só de pensar.

Castrar emoção de tanto pensar que não é para sentir? Fico querendo esquecer que emoção tem que ser vivida, resolvida, até que morra para que fique saciada.Estou sangrando o meu querer.

Meu mundo dentro do mundo ... o que sinto não é o que sei ... o que sinto é o que tenho em mim, não é o que eu esperava de mim ... por que nunca se sabe ao certo o que esperar do que se sente ... como saber o que se sentirá ... e o que se sente pode ser certo ou errado?

Quem sou eu

Minha foto
Sou alguém em busca de sentidos, em constante procura, conhecendo-me , sempre... entendendo o mundo... e/ou entendendo menos o mundo... estou percorrendo o meu caminho... Qual é o melhor caminho?! Estou sempre a me indagar... Gosto de gente, tem algo mais interessante do que gente??Aprendi a me aceitar e consequentemente a me amar. Sinto que sou, hoje o que eu queria ter sido ontem... mas eu consegui ser hoje e me sinto vitoriosa por ser... sempre fiel a mim mesma.Nem muito boa , nem muito má, sou exatamente do tamanho de minhas buscas e capacidades.Sou apenas eu, com suas dores e alegrias, como você... Nada do que fui me faz querer voltar atrás, quero ser , neste exato momento sem querer viver o que já vivi. Quero o momento presente ... sempre.